quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

UM NATAL A MAIS, SERÁ? BY RRMM

 
 
 

 

UM NATAL A MAIS, SERÁ?
 
ROBERTO ROMANELLI MAIA
 
Todos os anos costumo escrever um artigo ou uma mensagem, quando o Natal se aproxima.
 
E cada vez que escrevo mais e mais busco encontrar boas razões e o que possa ser positivo, para participar destas minhas reflexões natalinas.
 
Mas, confesso,  falta- me esta motivação  diante de tantos que falam e escrevem sobre Paz e Amor,  num mundo onde, cada vez mais, o que vemos é a violência desenfreada, em suas mais variadas formas e conteúdos.
 
E onde o amor, ao contrário de ser amor, passa cada vez mais a ser desamor.
 
Ou pior: uma simples palavra que deve ser envolvida numa embalagem de papel para presente ou para exportação.
 
Sim, infelizmente constato que diante de desgraças e das catástrofes, como as enchentes que vitimaram Santa Catarina e, em menor escala, partes do Espírito Santo e do Rio de Janeiro, o que vemos diante de nós, nas Tvs e nos jornais e revistas,  é a chamada solidariedade de ocasião!
 
Que se revela através da doação de roupas, de artigos de cama e mesa, de brinquedos,
de mantimentos não perecíveis, de ajuda financeira, etc.
 
Como se os que assim agem mostrassem,
de fato, com essas suas atitudes, uma verdadeira e sincera demonstração de amor ao próximo.
 
Mas me pergunto por que nenhum de nós desce ao ponto crucial da questão?
 
Sim, será que todos  que, depois da desgraça,  apresentam-se como tão humanitários
e solidários desconhecem que foram eles que elegeram os governantes destes estados?
 
 Os seus governadores, deputados estaduais,  prefeitos e vereadores?
 
Nos últimos 10/20/30 ou mais anos.
 
E que nenhum deles, políticos eleitos com os seus votos, nada fizeram para que tais catastrófes fossem evitadas e não acontecessem nas proporções gigantescas que todos nós assistimos!
 
E isso é mostrado e provado por todos os especialistas nas área de geologia, metereologia, ecologia, bio-diversidade, proteção ambiental e tantos outros que estudaram em detalhes e   profundamente o que aconteceu.
 
Afirmam eles que taL situação de descalabro ambiental é resultante, na sua maior parte, de omissão e de incompetência política,
de ausência de políticas preservacionistas, em relação ao meio ambiente, de um desmatamento cada vez maior e da não despoluição de rios, córregos, lagoas, etc.
 
Mas sobretudo da corrupção que permite a grandes empresas fazer tudo o que não é permitido.
 
Não se salva desta imensa lista,
de predadores do meio ambiente, 
nem mesmo a Petrobrás que recebeu nos últimos dez anos inúmeros autos de infração e multas por vazamentos de óleo combustível e por infrigência às leis ambientais.
 
Sim,  para não pagar estas multas, ela, como outras empresas, recorre sempre às instancias jurídicas superiores!
 
E com isso as multas passam a ser apenas  papel sem valor!
 
Sim, ninguém paga, nem é responsabilizado no Brasil pelos crimes ambientais!
 
É tudo um grande faz de conta com o Ministro Carlos Minc ( um homem que se preocupa mais com os seus coletes e a sua aparência)  vindo para a TV e para os jornais todos os dias afirmando que tudo,
em sua pasta, está cada vez melhor!
 
E que o desmantamento na Amazônia reduziu-se e está diminuindo!!!!
 
Esquecendo por incapacidade, cegueira ou má fé de colocar a questão de forma correta.
 
A continuar no ritmo atual, ( este que ele afirma estar menor do que nos anos anteriores) em pouco mais de dez anos a Amazônia terá uma redução de mais de 50 % em sua área original que deveria, de fato, ser preservada intacta.
 
E a nossa bio- diversidade, animais, plantas, aves e toda a vida floral e animal terá diante de si uma extinção de espécies ainda maior!
Que sequer é uma prioridade governamental!
 
Ou o Ministro Minc e todos os demais políticos desconhecem que, hoje, 2008, dezenas de espécies estão extintas ou  prestes a desaparecerem em nosso país?
 
 
E assim aconteceu com a nossa Mata Atlântica, que por não ter nenhuma proteção, concreta e efetiva,  representa, hoje, menos de 5% do que abrangia, quando o homem começou o seu contínuo e permanente desmatamento e destruição.
 
Por isso não vejo como podem estar de consciência tranquila tantos que se mostram agora, depois da desgraça ocorrida nos estados de SC, ES e RJ, solidários de última hora.
 
Sim, onde estavam eles, voltamos a indagar, quando votaram em políticos que já se mostravam, a maioria, históricamente, 
incompetentes e corruptos?
 
Que sempre dirigiram estados e municípios olhando, em primeiro lugar, os  interesses 
próprios e nunca os das populações.
 
Sim, basta de tanta inocência ou hipocrisia!
 
Neste Natal é chegada a hora de refletirmos sobre as razões de tanta desgraça. Pois se nada for feito, como sempre acontece, no futuro, novamente, tudo voltará a acontecer!
 
Da mesma forma que aconteceu! 
 
Sim, temos que denunciar tanta ingenuidade!!! Dos que agora se revelam tão "solidários".
 
Pessoas e empresas que aparecem para ajudar mas que contribuiram e muito para que tudo isso acontecesse, através da omissão, da passividade,
da indiferença e até mesmo da ignorância em relação  aos danos e a destruição sistemática que o homem está causando ao seu próprio planeta.
 
Pessoas que fecharam os seus olhos e continuam com eles fechados a espera da próxima catástrofe que certamente, em pouco tempo, virá!
 
Pessoas que estão permitindo e aceitando,
 a pretexto de um falso progresso e desenvolvimento, a destruição de nossas reservas florestais e minerais e da nossa
 bio diversidade!
 
São essas e outras tantas razões, que me fazem imaginar mais este Natal apenas como uma festa de shoppings, de comércio, de consumo e de gente que só se reúne, para estar juntos, em festas ou em velórios.
 
Gente que se considera Ser Humano mas que, em minha modesta visão, nunca foi nem será!
 
São apenas paisagem que, como rios, florestas. lagos, animais e plantas, desaparecerão destruídos pelo próprio homem!
 
Aos restantes, àqueles que ainda possuem discernimento, bom senso, capacidade de entendimento, de reflexão  e de questionamento, eu desejo de fato um excelente Natal.
 
Mas uma festa sem árvores de Natal com lâmpadas importadas da China, fabricadas por escravos que ganham 50 reais por mês.
 
Sim, para estes poucos,  desejo um Natal, onde o pensamento esteja voltado para Jesus, que é o mais ausente de todas estas comemorações.
 
Para um Deus que não tenha nada a ver com aquele que o homem criou, para ser também o seu  objeto de consumo e de comércio.
 
Um Deus que esteja onde estiver, por mais que seja esquecido, estará pensando em nos perdoar.